Jornalismo UFSC repudia violência contra jornalistas

03/11/2020 22:06

O Departamento de Jornalismo, o Curso de Jornalismo e o Centro Acadêmico Livre de Jornalismo Adelmo Genro Filho – CALJ da Universidade Federal de Santa Catarina repudiam os covardes atos de violência praticados contra os jornalistas Bárbara Barbosa e Renato Soder, em Florianópolis, no último dia 2 de novembro. A ausência de coação de qualquer natureza é prerrogativa básica ao pleno exercício profissional do jornalismo, condição essencial para garantir o Estado Democrático de Direito, particularmente dois de seus direitos constitucionais – a liberdade de expressão e o direito à informação. Desde sua fundação, em 1979, o Jornalismo da UFSC acompanha o processo de redemocratização do Brasil, ensinando e defendendo o bom jornalismo, não se calando diante do que o ameaça. Às instituições e autoridades competentes cabe agora uma resposta rápida e transparente para apurar os fatos e impedir que se repitam. Sem jornalismo, não há democracia.

Os Colegiados do Departamento e do Curso de Jornalismo reproduzem e endossam a nota de repúdio publicada pelas diretorias da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina (SJSC):

SJSC e FENAJ repudiam agressões à equipe de TV em Florianópolis

Em tempos de pandemia, e de incentivo a práticas agressivas e discursos de ódio, a ignorância tenta subjugar o direito à informação. O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina (SJSC)  e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) manifestam solidariedade e apoio à repórter Bárbara Barbosa e ao repórter cinematográfico Renato Soder, que foram vítimas de agressões por parte de 3 pessoas na Praia do Campeche, em Florianópolis, na manhã desta segunda-feira (02/11/2020).

Os profissionais estavam trabalhando, produzindo uma reportagem para o Grupo NSC sobre o movimento nas praias em um momento no qual é crescente o número de casos do coronavírus na capital catarinense, quando foram interpelados por pessoas que estavam na praia sem máscaras e não queriam ser filmadas.

Os dois homens autores destes atos insanos agarraram os profissionais, arranharam os braços da repórter, tentaram dar tapas para derrubar seu aparelho celular e ameaçaram quebrar a câmera utilizada pelo repórter cinematográfico.

A terceira envolvida, uma mulher identificada como professora, arrancou o aparelho celular das mãos da repórter e tentou escondê-lo. Depois, recuou, mas bradou em tom autoritário: “vou te devolver, mas tu não filma”.

As imagens disponíveis no YouTube falam por si. Não se configurou, nas imagens captadas pelos profissionais, a violação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, mas sim o registro, em ambiente público, uma praia, de pessoas desrespeitando todas as normas municipais e estaduais de prevenção individual e coletiva à contaminação pelo novo coronavirus.

Mais que isso, os responsáveis por estes atos cometeram os crimes de agressão, impedimento ao trabalho dos profissionais, cerceamento à liberdade de imprensa e atentado ao Estado Democrático de Direito.

Tão absurdas quanto as agressões físicas e verbais foram as manifestações de diversos outros populares – a maioria sem máscaras – apoiando as atitudes dos agressores.

Bárbara e Renato registraram Boletim de Ocorrência na 6ª Delegacia de Polícia de Florianópolis.

O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina coloca sua Assessoria Jurídica à disposição dos colegas e exige das autoridades de segurança pública medidas para identificar e criminalizar os agressores.

Florianópolis, 02 de novembro de 2020.

Diretoria do SJSC

Diretoria da FENAJ