Um curso pioneiro

28/03/2019 17:50

Associando legado de conquistas inéditas e mudanças constantes para atualização, o curso de Jornalismo da UFSC completa 40 anos

Por Mahara Aguiar e Sofia Dietmann

Orientação Profa. Melina de la Barrera Ayres

Revisão Profa. Valentina da Silva Nunes

“Cheguei de manhã bem cedo. Muito empolgada, me achando superadulta por estar entrando na Universidade. À esquerda do Centro de Convivência da UFSC, em uma construção de um andar só, funcionava a gráfica universitária. Naquele prédio construíram uma única sala de aula. Só estávamos nós ali. Metade da turma era de pessoas da minha idade, jovens, de 18 anos; a outra metade era de pessoas de outras graduações, ou formadas, que sempre quiseram fazer jornalismo e agora tinham a oportunidade”.

Lúcia Helena Vieira decidiu tentar a sorte ao entrar no curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Ela estava entre os 40 estudantes da primeira turma da graduação, em 1979, e foi uma das 21 pessoas que se formaram quatro anos mais tarde. Quando os rumores da abertura do curso de Comunicação Social se confirmaram, Lúcia prestou vestibular e iniciou aquela que seria uma das experiências mais marcantes de sua vida. “Por tudo que aprendi, o acesso que tive a tanta coisa nova. 1979 era o começo da abertura política. Eu havia estudado a vida inteira sob a Ditadura Militar, então o ensino era muito diferente, o acesso era muito limitado. Foi na Universidade que eu descobri outras informações e conhecimentos”.

Quando a primeira turma iniciou as aulas, a proposta pedagógica do Curso ainda não estava fechada. Os professores eram todos de outras áreas. A estrutura  física era improvisada, a turma foi alocada no prédio que hoje abriga a Agência de Comunicação da UFSC (Agecom), ocupando três salas: duas destinadas às aulas e uma servindo de coordenação. Foi assim até 1981, quando o Curso passou a ocupar o espaço que mantém até hoje, no Bloco A do Centro de Comunicação e Expressão.

Reunião de formulação do curso de comunicação.
Fonte: LabFoto Jor-UFSC

Mesmo com espaço físico próprio, na década de 1980 a estrutura ainda era embrionária, os laboratórios levaram tempo até serem construídos. Isso porque, além de se tratar de um curso recente, o Projeto Pedagógico inicial, vivenciado por Lúcia Helena, previa poucas disciplinas práticas, e uma carga teórica alta. “Quando estávamos em entrevistas de emprego, dizíamos ‘eu não sei fazer isso, mas estudei muito sobre’. Não tive estúdio de rádio, nem televisão, apenas um laboratório de fotografia”, relembra Lúcia. Já Luciano Faria, ingressante na turma de 1985, contou com alguns laboratórios para sua formação, mas estes ainda eram poucos e pequenos. Passaram-se alguns anos até que o Curso obtivesse sua estrutura atual. Luciano lembra: “Chegamos a ocupar a Reitoria algumas vezes por equipamentos”. Segundo ele, era tudo bastante limitado..“Tínhamos apenas uma sala para revelar as fotos e uma ilha de edição para TV, o estúdio de rádio era minúsculo, ou seja, nossa estrutura era precária. Mas essa precariedade técnica era compensada, por outro lado, por uma forte formação teórica e política”.

Durante os anos 1980, os alunos cumpriam o importante papel de motivadores da corrida por novos materiais e equipamentos, para um ensino cada vez mais completo. O Centro Acadêmico Livre de Jornalismo (CALJ) nasceu em 1980, período em que o país vivia um momento político conturbado. Além da busca por estrutura, ao movimento estudantil coube o papel de ajudar na defesa dos direitos que envolviam a sua futura profissão. O CALJ passou a se  chamar Adelmo Genro Filho em 1988, em homenagem ao então recém-falecido professor do curso e um dos principais nomes teóricos do jornalismo brasileiro. “Uma homenagem mais do que justa, diga-se de passagem”, relata Luciano Faria, ex-aluno e amigo de Adelmo à época.

Professor Adelmo Genro Filho em sala de aula.
Fonte: LabFoto Jor-UFSC

A professora e atual chefe do Departamento de Jornalismo Maria José Baldessar, que também viveu a década de 1980 enquanto aluna, lembra com o mesmo fervor as discussões que conduziam o CA. “Foi um momento de efervescência política”, ressalta. E completa: “Nós precisávamos pensar no fim da ditadura e na liberdade de expressão, além de tentar entender o que tinha acontecido, porque ainda era tudo muito recente”. Luciano concorda. Para ele, que chegou a presidir o CALJ, “era isso que, muitas vezes, levava as pessoas a escolher o jornalismo. Muita gente queria lutar por uma sociedade melhor, mais justa”.

Deste modo, se por um lado, o governo vigente preocupava os jovens jornalistas, por outro, a motivação e empenho estudantis em construir um curso de qualidade derrubavam barreiras. Assim como Lúcia Helena, os futuros jornalistas se mantinham animados e engajados com a criação do curso. Em 1982, na terceira edição do Jornal Laboratório Zero – que, aliás, existe até hoje – fomos apresentados aos primeiríssimos comunicadores sociais graduados na UFSC. O slogan, distribuído em panfletos pelas empresas da cidade buscando divulgar os agora profissionais da comunicação, era enfático: “Esta turma quer por uma boca no mundo”.

O outdoor e seu criador, Jarsom Frank, integrante dos formandos de 1982.
Foto: Jornal Zero, nº 3, 1983.

E a turma realmente pôs: seus integrantes se tornaram renomados repórteres, professores, assessores de comunicação de ministérios e repartições públicas, tiveram suas trajetórias jornalísticas reconhecidas até em nomes de ruas. A rua jornalista Bento Silvério, do Kobrasol, em São José, está aí para comprovar. Desde então, quase 40 gerações de jornalistas – ou comunicadores sociais com habilitação em jornalismo, com era oficialmente denominado o curso – se formaram ali. Todos passaram pelo mesmo momento de desespero: a infinita corrida em busca de fontes para aquela “fatídica reportagem” – porque mesmo após todos esses anos, algumas coisas nunca mudaram.

Mas outras sim. A começar pela digitalização de todos os laboratórios. O processo começou do meio para o fim da década de 1990, quando  a universidade dava os primeiros passos em direção a Era Digital.

Janice Miranda, ex-aluna da turma de 1989, lembra até hoje a fala de seu professor: “o jornalista que tiver medo do computador pode esquecer a profissão, porque esse é nosso futuro”. A frase se provou verdadeira alguns anos mais tarde. As máquinas de escrever deram espaço aos computadores, e os rolos de fita transformaram-se em grandes telas e mesas de som. A mudança envolveu também o treinamento dos funcionários e servidores, que passaram a lidar com materiais completamente novos e desconhecidos. Vanessa Pedro, estudante do curso entre 1993 e 1997, viu essa transição na metade de sua graduação. “Os computadores começaram a ser instalados, e as aulas de redação, rádio e TV, passaram a ser com esses primeiros computadores. Mas independentemente da máquina ou do computador, sempre foi muito estimulado [a prática de] escrever”.

Laboratório de redação com máquinas de escrever.
Fonte: Acervo Lab Foto – Jor UFSC

Laboratório de fotografia.
Fonte: Acervo Lab Foto – Jor UFSC

 

 

 

 

 

 

 
Um movimento institucional para a reforma tecnológica das Universidades se iniciou em resposta aos resultados no primeiro Provão, exame organizado pelo Ministério da Educação (MEC), que tinha como objetivo avaliar a qualidade dos Cursos de Ensino Superior em todo o país. A prova, posteriormente substituída pelo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), obteve resultados alarmantes: as universidades brasileiras estavam extremamente sucateadas, e enfrentavam problemas de infraestrutura, administrativos e acadêmicos.

Na tentativa de reverter essa situação, no início dos anos 2000 o MEC criou o Fundo de Reaparelhamento de Laboratórios – ou Fungradão, como ficou conhecido. Em 2003, a UFSC recebeu mais de R$ 5 milhões em equipamentos como câmeras de vídeo, gravadores, retroprojetores, mesas de som, projetores multimídia entre outros, dos quais muitos foram destinados ao então curso de Comunicação Social, completando a passagem do curso da Era Analógica para a Digital.

Paralelamente, outras mudanças contribuíram para a transformação estrutural do curso. Em 1999, iniciou-se a reforma do espaço físico. “Nós apelidamos a reforma de Kosovo, porque foi derrubado absolutamente tudo. Durante todo aquele período, nós ficamos improvisados no primeiro andar do prédio”, lembra a professora Maria José, que coordenou a reforma ao lado do também ex-aluno, e agora professor, Fernando Crocomo. A conclusão da reforma no ano 2000 marcou o fim de uma era importante. As portas e janelas recém pintadas abriam-se para novos caminhos. O “shoppinzinho”, como ficara conhecido devido aos corredores largos e as paredes claras, marcava uma nova etapa dentro do curso.

Mudança: uma constante

A necessidade do curso de jornalismo de acompanhar as mudanças da sociedade se refletiu na constante revisão do Projeto Político-Pedagógico do curso, o PPP. A primeira grande onda de mudanças começou em 1983, com o ingresso de uma nova geração de professores que viria para transformar o futuro do curso. Recém saídos das redações, estavam todos muito familiarizados com o cotidiano da profissão e trouxeram consigo a vontade de aproximar o curso de Comunicação Social com a realidade do jornalismo diário.

Além disso, outro fator foi marcante no período: as teorias do professor Adelmo Genro Filho, que propunha um olhar específico do jornalismo. “A gente começou a amadurecer um Projeto Pedagógico que fosse só do jornalismo, em que fosse possível unir teoria e prática”, relata o professor Eduardo Meditsch, que esteve muito presente durante essa mudança. “É claro que isso gerou muita discussão dentro do curso. Em 1989, foram formadas duas chapas para concorrer à Chefia de Departamento e Coordenadoria de Curso. A primeira era a Opção Jornalismo e a segunda Opção Comunicação Social”.

Após debates acirrados entre professores e alunos, a chapa Opção Jornalismo foi eleita com dois terços dos votos entre professores, e servidores. Junto com ela, nasceu o primeiro Projeto Pedagógico no país voltado exclusivamente para jornalismo. Eduardo acredita que a mudança se deu, em grande parte, devido ao Conselho Paritário de Professor e Alunos — uma entidade que substituiu, durante mais de 10 anos, o colegiado do curso — onde alunos e professores tinham o mesmo número de votos em todas as decisões. “Foi muito rico o período do Conselho Paritário. Não só para os alunos – que tinham o mesmo espaço que os professores para decidir sobre o destino do curso, sobre as disciplinas – mas também para nós, porque isso não deixava a gente se acomodar”, lembra o professor Eduardo.

Vanessa, ao fundo, e sua colega Ana Paula Barreto, no estúdio de rádio.
Foto: Acervo pessoal de Ana Paula Barreto.

Desde sua criação, foram  modificadas disciplinas e eixos de conteúdo quatro vezes. As duas primeiras mudanças, em 1985 e 1991, foram mais radicais. A primeira nasceu do desejo de alunos e professores de criar “coerência entre teoria e prática no alargamento do mercado de trabalho do egresso focando, principalmente, em formas de comunicação alternativa”, como retoma a contextualização do PPP de 2016. Já a segunda, em 1991, foi a colocação em prática da reformulação para marcar os 10 anos de curso, chamada de Projeto Ano 10.

Foi com o terceiro currículo, iniciado em 1991, que Vanessa Pedro fez sua graduação. “Uma característica do curso era que a prática caminhava junto com a teoria, desde a primeira fase. Éramos muito incentivados a ir para a rua, ter a vivência de repórter, e também ao ato de escrever”. Segundo ela, foi uma experiência muito importante. “No programa Universidade Aberta, trabalhei na Rádio da UFSC, e passei por quase todos os cargos, viajamos muito, era uma escola dentro da escola”, relembra a ex-aluna.

1996 marcou o ano de implementação do Currículo de mais longa vigência do curso – foram quase 20 anos de pequenas alterações, como a adição de disciplinas voltadas para a internet e a obrigatoriedade de participação no jornal Zero. Os impasses e atrasos na implementação das novas Diretrizes Curriculares para o ensino de Jornalismo no país adiaram a implementação do novo Currículo, que começou a ser discutido em 2013 e entrou em vigor em 2016.

As mudanças não afetaram  apenas o Currículo e a formação dos estudantes. O perfil dos graduandos e dos professores sofreu uma significativa modificação do início do curso até os dias de hoje. Mais alunos de minorias sociais integram o corpo estudantil do curso, e grande parte dessa mudança  deve-se à Política de Ações Afirmativas, instaurada na UFSC a partir de 2008.

A professora Maria José, que era coordenadora quando a primeira turma de alunos cotistas entrou no Jornalismo UFSC, destaca esse momento como um importante marco na história do curso. A mudança, necessária, balançou o perfil socioeconômico da Universidade e fez com que quem antes era exceção, começasse a fazer parte da regra. “Eu entrei num curso basicamente branco. O jornalismo, até 2007, com seus 27 anos, tinha tido seis alunos negros.” Foi um período de 12 anos em que, segundo ela, “não entrou nenhum aluno de escola pública. Essa era a cara da Universidade, e isso mudou muito”, lembra a professora.

A multiplicidade de pessoas não se deu apenas no corpo discente. Hoje é possível identificar com mais clareza as diversas faces da comunidade brasileira entre professores, funcionários e servidores do curso. Entretanto, ainda há um longo caminho a se percorrer. Uma das mudanças atuais a se destacar é consequência de um projeto iniciado pelo Coletivo Jornalismo Sem Machismo – CJSM.

Alunas do curso em um dos eventos organizados pelo Coletivo JSM em 2015.
Foto: Coletivo JSM/Facebook.

Fundado no segundo semestre de 2014, o CJSM foi uma iniciativa das alunas do Jornalismo, buscando abrir novos canais de discussão sobre assuntos que envolviam machismo e desigualdade de gênero no curso. Uma de suas ações de maior repercussão foi a solicitação da criação da disciplina Jornalismo e Gênero, ofertada desde o primeiro semestre de 2016 como  disciplina optativa. Manoela Bonaldo, que entrou no curso em 2015, pode ver de perto a movimentação de suas colegas para que fosse montada uma proposta sólida ao colegiado de Curso e de Departamento. “As meninas do coletivo começaram a sua própria formação sobre feminismo para poder propor o que seria estudado na disciplina. Elas começaram a ler muitas coisas, falar com muita gente, a definir os objetivos. Foi um trabalho longo e de muito fôlego para que tudo desse certo”.

Mais que um curso: uma comunidade

Diversas iniciativas dos docentes e dos estudantes buscam expandir o aprendizado e as vivências em sala de aula para outros espaços. São atividades em que os alunos criam, empreendem, se preparam para o mercado, aumentam sua qualidade de vida e se engajam para tornar a experiência acadêmica ainda mais ampla.

Este é o caso de grande parte dos programas e Núcleos que compõem a Rádio Ponto UFSC, que completa 20 anos em 2019; o TJ UFSC, um dos mais premiados e conceituados telejornais universitários do Brasil; o Cotidiano, que incentiva a produção em jornalismo online, a Comunica!, primeira Empresa Júnior de Jornalismo da região; a Iniciação Científica, que introduz os alunos nos campos da pesquisa acadêmica; do Centro Acadêmico, local de integração e articulação estudantil; da Atlética Graus Bons, que promove competições, treinos e eventos de integração durante todo o ano; e de diversas outras iniciativas que surgem e se sustentam com a proatividade de todos os envolvidos.

Proatividade, aliás, é um dos conceitos que Bruna Elisa Mayer, aluna da turma de 2015.2, herdou de seus três anos participando da Comunica!, um ano como presidente, e outro como vice. “Eu não seria a pessoa que eu sou hoje sem minha vivência no MEJ [Movimento Empresa Júnior]”, resume Bruna. Para ela, a vivência na empresa, que é de iniciativa estudantil, foi fundamental para complementar sua formação profissional. “A gente está dentro da Universidade e já está muito preparado para o que vê lá fora, no mercado de trabalho. Isso é incrível”.

Outras experiências, como a Rádio Ponto, o Cotidiano e o TJ UFSC, são iniciativas institucionais que buscam ampliar a vivência e a prática dos alunos, materializadas em projetos de extensão. A professora Cárlida Emerim, coordenadora da Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC e uma das orientadoras do TJ UFSC, ressalta a importância de projetos como o telejornal. “Eles propiciam uma formação mais próxima da realidade do mercado de trabalho, onde se exercita a responsabilidade, o comprometimento com o social e a ética profissional e pessoal. Além disso, os projetos de extensão fazem parte de um tripé almejado pelas instituições de ensino de referência: ensino, pesquisa e extensão”.

Equipe TJ UFSC recebe prêmio no Intercom Nacional, em 2018, em Joinville/SC.
Foto: TJ UFSC/ Facebook.

No ar desde setembro de 2012, o TJ é exibido diariamente durante os períodos letivos, angariando dezenas de voluntários todo semestre. E o esforço dá resultados: os prêmios ganhos nos sete anos de existência se acumulam no currículo do TJ UFSC. É, atualmente, a melhor produção laboratorial em Vídeo e Telejornalismo do Brasil: ganhou, em 2017 e 2018, o prêmio Expocom Nacional na categoria. “Uma escola de prática intensiva de telejornalismo diário e ao vivo, com toda a estrutura e os ritos que a redação de um telejornal deve seguir”, finaliza Cárlida.

O Cotidiano é um projeto de extensão voltado para a experimentação de novos formatos online. Desde sua criação em 2006,  já passaram pela equipe mais de 135 pessoas, entre bolsistas, monitores e colaboradores. O trabalho desenvolvido se materializa no site e nas versões mobile e extensões no Twitter e Facebook, alcançando um acesso diário de, aproximadamente, 9 mil leitores.

De acordo com a Professora Maria José Baldessar, coordenadora do Cotidiano, “o objetivo do projeto é familiarizar o aluno com narrativas digitais e ferramentas para produção das narrativas. Nosso compromisso é sempre com a apuração e checagem das informações”. Diversos trabalhos realizados pelo Cotidiano já foram premiados. Entre eles, em um concurso organizado pela Escola Superior do Ministério Público da União, em 2011, recebeu o primeiro lugar da região Sul no 3º Prêmio ESMPU de Jornalismo Universitário, pela reportagem Trabalho escravo não é trabalho.

Já a Rádio Ponto UFSC comemora, em 2019, uma grande conquista: a iniciativa completa 20 anos. Inicialmente formulada como o Trabalho de Conclusão de Curso de Fabiana de Liz e Sabrina D´Aquino, em 1999, o projeto foi ‘adotado’ pelo Curso e, desde então,passou a funcionar com regularidade. No formato de uma webrádio universitária, é uma das três primeiras do país. A Rádio Ponto alia teoria, prática e experimentação, segundo a professora e orientadora do projeto Valci Zuculoto. “Por incentivar a experimentação, para além do que é convencional no exercício do radiojornalismo, não apenas complementa […] a formação do estudante no jornalismo radiofônico e em áudio, mas especialmente busca habilitá-los a intervir no mercado profissional de forma diferenciada e inovadora”.

Atualmente a Rádio Ponto busca oferecer uma experiência integrada.Além da programação normal, realiza coberturas especiais  em conjunto com outros projetos do Curso . “Nas últimas Eleições Gerais, […] o trabalho conjunto da Rádio Ponto se desenvolveu com o telejornal TJ UFSC, LabProjor, LabFoto, FotoLivre, Grupo de Investigação em Rádio, Fonografia e Áudio – GIRAFA, e Jornal Zero”, conta Valci Zuculoto.

Uma experiência diferente das demais é a da criação da Atlética de Jornalismo. Fora do universo da prática profissional, mas comum no meio acadêmico, as Atléticas são espaços de integração entre os alunos, principalmente através dos esportes. Agatha Morigi, ex-aluna da turma de 2008 e uma das fundadoras da Atlética Graus Bons, explica que a associação foi a segunda a ser fundada na UFSC, em 2010. “A Atlética tem o poder de fomentar muita coisa boa: esporte, música, novos contatos e amizades, e tem até mesmo uma responsabilidade social dentro do ambiente acadêmico, se quiser”.  

Essas são algumas das questões que permearam as salas de aula e corredores do curso nos últimos 40 anos, marcantes para alunos, professores e todos que passaram pelo Jornalismo nesta jornada. Como para Luciano Faria, a quem “o curso deu um embasamento teórico que  levo e vou levar para o resto da vida”. E Vanessa Pedro, que afirma ter vivido uma experiência intensa no curso. “Minha vida não teria o mesmo significado se eu não tivesse passado pelo Jornalismo”. Lúcia Helena Vieira concorda. Para ela “a UFSC sempre vai se diferenciar. São perceptíveis os conhecimentos de um aluno do Jornalismo UFSC num estágio, ou trabalho”. Essa é a expectativa para o futuro: jornalistas engajados, com respeito, tolerância e empatia, além da técnica e do conhecimento teórico.