Jornalismo UFSC abre comemorações de seus 45 anos com ênfase no papel social da profissão

25/03/2024 18:27

 

Profa. Fabiana Piccinin anuncia Aula Magna do convidado especial, o jornalista Fernando Mitre

Palestrantes Paulo Brito e César Valente, ex-professores e fundadores do curso. Ao fundo, prof. Fernando Crocomo, mediador

 

Fernando Mitre, diretor de Jornalismo da Band, proferiu a Aula Magna, dando destaque aos debates políticos que coordenou na TV; os ex-professores César Valente e Paulo Brito falaram da criação do curso e dos desafios para a profissionalização dos jornalistas em SC

 

A importância do Jornalismo para a manutenção da democracia e para o amadurecimento crítico da sociedade foram os pontos convergentes das palestras que abriram as comemorações dos 45 anos do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na quinta-feira, dia 21. 

O jornalista Fernando Mitre, diretor de Jornalismo da Rede Bandeirantes de Televisão, proferiu a Aula Magna “Debate na veia – nos bastidores da tevê: a democracia no centro do jogo”, título de seu mais recente livro, que traz sua experiência de mais de 30 anos na organização dos debates políticos. Os jornalistas e ex-professores César Valente e Paulo Brito, que estiveram à frente da fundação do curso, em 1979, falaram dos desafios que enfrentaram, junto ao então professor e jornalista Moacir Pereira, para convencer as autoridades da época a criar o curso em pleno regime militar. A palestra apresentada por Valente, com comentários de Brito, foi intitulada “Tinha tudo para dar errado” e trouxe momentos nostálgicos, curiosos e descontraídos.

Valente destacou a resistência do governo em relação aos jornalistas, que eram vistos com maus olhos pelos militares brasileiros. “Eles não queriam mais um curso de Comunicação porque acreditavam ser uma potencial ‘usina de comunistas e baderneiros’”, criticou. Após três anos de tentativas, venceu o argumento e a constatação de que Santa Catarina precisava de mais jornalistas, e os leitores catarinenses, de mais informação estadual. Segundo Valente, a presença das notícias catarinenses no noticiário nacional era então muito reduzida e irregular.   

Taz Assunção, calouro de Jornalismo, afirmou que o que mais chamou sua atenção nas falas dos três jornalistas foram os percalços que enfrentaram em vários momentos da profissão. “Mesmo eles sendo profissionais e tendo muito tempo de carreira, ainda se deparam com muitas dificuldades, isso prepara a gente para os processos que teremos no futuro”, enfatizou. 

Mitre, por sua vez, de um jeito menos descontraído, ressaltou na sessão de perguntas, após a palestra, que considera imprescindível a presença de jornalistas nos debates de candidatos a cargos públicos. “Eu não abro mão deles, pois os jornalistas fazem perguntas que interessam à população, eles representam com mais legitimidade o pensamento e as expectativas do público”, frisou. O diretor da Band, ao contar detalhes de bastidores, revelou que já houve candidatos que desistiram de participar horas antes, outros que impõem regras inadmissíveis e há quem só procure frases de efeito para as redes sociais, muitas vezes distorcendo o contexto das falas “Hoje, com a rapidez da internet, já o primeiro bloco ganha o mundo. Eu me responsabilizo é com a integridade do debate”, frisou. Para ele, há debates que duram e ficam na história.       

Melissa Prado, aluna da terceira fase do curso de Jornalismo, se mostrou bem interessada pelos assuntos da Aula Magna, especialmente nos casos práticos de bastidores. “Esse viés mais político é pouco abordado na UFSC, há outras coisas mais enfatizadas, como o fatual, o jornalismo esportivo etc. Por isso, achei muito importante a palestra do Mitre e vou levar muitas coisas que ele falou para minha carreira”. 

A organização do evento foi do Curso de Jornalismo (JorUFSC) e do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (PPGJor), com apoio do Centro Socioeconômico (CSE), que cedeu o auditório.