Curso de Jornalismo completa 45 anos de existência

08/03/2024 16:47

Naquele dia 8 de março de 1979, quando entraram em sala de aula, os estudantes de Jornalismo da UFSC ingressaram também na história. Finalmente, depois de uma batalha que levaria quase uma década, começava a funcionar a primeira graduação em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo do estado de Santa Catarina. Ao longo dos últimos 45 anos, o curso formou profissionais de referência, influenciou currículos e diretrizes curriculares, colecionou prêmios e avaliações de excelência. Mas a trajetória exitosa não começou sem percalços. 

A primeira tentativa de implantação do curso ocorreu ainda em 1973, embora pedidos para sua criação já fossem encaminhados à reitoria da universidade desde 1967. O grupo de trabalho produziu um relatório em 20 dias, mas o processo foi arquivado “sob alegação de falta de condições materiais e inexistência de espaço físico”, como relembra o jornalista Moacir Pereira, no livro A comunicação em Santa Catarina. A segunda resultou em nova proposta entregue à reitoria em 1975. Mais uma vez, o processo foi arquivado. Só em 1978, um grupo de trabalho capitaneado por Pereira – integrado pelos professores Celestino Sachet e Aurora Goulart e pelos jornalistas César Valente e Paulo Brito –, viu o pleito ser atendido pelo então reitor, o engenheiro Caspar Erich Stemmer. No ano seguinte, as aulas foram iniciadas. 

Hoje, dos 24 professores efetivos que atuam no curso, 11 são egressos do JOR, sete deles graduados entre 1983 e 1988, um período bastante simbólico, marcado pelos movimentos a favor da redemocratização do país. Não por um acaso, parte da segunda turma, formada em março de 1984, chamava-se Diretas Já. As diferentes gerações de jornalistas graduados pela UFSC atuam nos principais veículos de comunicação do Brasil, em empresas próprias, em assessorias de comunicação públicas e privadas, em universidades, em entidades de classe e muitos dos seus docentes são ou foram protagonistas em sociedades científicas nacionais e internacionais, como SBPJor, Intercom, Alcar e Alaic.

De 1979 para cá, o curso destacou-se por capitanear iniciativas pioneiras, fazendo questão de reforçar sua identidade específica, mesmo quando, em todo país, predominava o ensino de Comunicação Social. Foi assim que surgiram projetos que logo se tornaram referência como o jornal-laboratório Zero, a Universidade Aberta, a Rádio Ponto e, mais recentemente, o TJ UFSC e o portal Cotidiano, apenas para citar alguns exemplos. O sucesso do curso, de algum modo, serviu para mostrar que estavam errados aqueles que, na década de 1970, se opunham veementemente à sua criação, incluindo alguns jornais locais. 

Para celebrar os 45 anos de excelência, o JOR UFSC está preparando uma série de atividades, como exposições fotográficas, palestras e homenagens aos que construíram esta história. A Baiúca – apelido que durante muito tempo foi usado para se referir ao curso –, ou o Aquário – codinome atribuído depois da reforma dos anos 2000 –, está em festa. Reverencia o seu passado e também dá atenção aos muitos desafios vividos pelo jornalismo na contemporaneidade. Se o começo dessa trajetória foi de luta, o futuro não parece ser diferente.