Primeiro TCC em newsgame da UFSC vence Expocom Nacional 2023

11/09/2023 18:01

O jogo “Peregrina”, da jornalista Iraci Falavina, conta com roteiro baseado em apuração jornalística e trilha sonora original

Quatro meses após arrebatar o 1º. lugar na etapa regional Sul do Prêmio Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom Sul), em maio deste ano, o newsgame “Peregrina”, da jornalista Iraci Falavina, venceu a Expocom Nacional 2023.

O jogo, cujo subtítulo é “um newsgame sobre os abrigos para pessoas em situação de rua em Florianópolis, sob a perspectiva de uma mulher”, foi desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob orientação do professor Samuel Pantoja Lima. Na Expocom, concorreu na modalidade Produção Transdisciplinar, na categoria Games, disputando a final com trabalhos da Universidade Católica de Petrópolis, Universidade Católica Dom Bosco e Universidade de Fortaleza.

Newsgames são jogos eletrônicos jornalísticos que se utilizam de apuração e cruzamento de informações, visando oferecer ainda mais informações a seus usuários, além de promover debates públicos. O “Peregrina” foca em dois locais de acolhimento de pessoas em situação de rua em Florianópolis: a Passarela Nego Quirido, que abriga o projeto Passarela da Cidadania, e o Albergue Noturno Manoel Galdino Vieira. O jogador deve explorar o mapa e conversar com personagens reais que frequentaram esses abrigos e, no final, decidir onde passar a noite.

“Meu objetivo com esse TCC era demonstrar que seria possível unir games e Jornalismo e até mesmo lançar uma provocação: se eu, sozinha, afinal consegui desenvolver um newsgame, por que grandes grupos de mídia não estão investindo nesse formato?”, ressalta Falavina. Ela explica que durante o período em que desenvolveu o TCC teve que aprender a programar, a desenhar, tudo isso enquanto organizava a apuração e o roteiro, e preparava o relatório. “Hoje sou extremamente grata pelo resultado. Mudei a linguagem de programação e a plataforma de desenvolvimento no meio do projeto, porque percebi o quão limitado seria meu tempo. Foi difícil, mas desde o começo eu era muito apaixonada por essa ideia, então não queria desistir”. Falavina afirma que a vantagem dos jogos é a possibilidade de serem e terem suas informações atualizadas. “Aliás, essa é uma característica muito bem-vinda – e até mesmo esperada pelo público”, diz.

O jogo premiado é gratuito e está disponível para download em iracifalavina.itch.io/peregrina. “Peregrina” foi o primeiro TCC em formato de newsgame da UFSC. O projeto obteve a nota máxima na avaliação da banca de defesa. “Esse prêmio não é só meu, pois tive muito apoio em todas as etapas. Acredito demais nos newsgames e espero ver esse formato sendo mais explorado. Afinal, o Jornalismo sempre está buscando novas formas de contar histórias, e essa conquista demonstra o espaço desse tipo de produção”, comenta.

A cerimônia de premiação da Expocom Nacional 2023, que promoveu mostras competitivas anuais dos melhores trabalhos desenvolvidos pelos cursos de graduação em Comunicação do país, aconteceu em 8 de setembro, em Belo Horizonte, durante o 46º. Congresso da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom).

Além das etapas Nacional e Regional do Expocom, “Peregrina” também foi vencedor do Prêmio Aplicom Jr., em julho, realizado durante o I Encontro Nacional de Pesquisa Aplicada em Comunicação, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). “Todos os prêmios do ‘Peregrina’ só mostram o quanto o formato newsgame tem espaço para ser explorado – tanto no mercado, quanto no ambiente acadêmico. Espero ver mais colegas experimentando trabalhos nesse estilo, porque, apesar de trabalhoso, é muito divertido. É uma forma de exercitar a criatividade enquanto se conta uma boa história”.

Nota de Esclarecimento

01/09/2023 20:36

Em relação aos recentes acontecimentos, o Departamento de Jornalismo vem a público esclarecer que:

 

1. Em agosto de 2022, recebemos uma denúncia contra um servidor técnico-administrativo (STAE), lotado neste Departamento.

2. A pessoa denunciante foi orientada a procurar a Ouvidoria da UFSC – órgão responsável pelo recebimento e encaminhamento para apuração –, e formalizar a denúncia, de acordo com as resoluções e normativas da Universidade. 

3. Paralelamente, a Coordenadoria de Diversidade Sexual e Enfrentamento da Violência de Gênero (CDGEN) foi acionada pelo Departamento para que fossem iniciados o acolhimento e o acompanhamento da pessoa denunciante.

4. A chefia do Departamento fez os encaminhamentos administrativos cabíveis. Nesse sentido, a Direção do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) e a Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (PRODEGESP) foram prontamente acionadas pelo Departamento para providências quanto à situação do servidor.

5. Esgotadas as instâncias institucionais cabíveis ao Departamento, aguardou-se o prosseguimento da denúncia na Ouvidoria, cuja tramitação é sigilosa, e até o momento não há manifestação sobre o caso.

6. Durante o restante daquele semestre letivo, a Chefia buscou dar o suporte necessário para que a pessoa denunciante desse prosseguimento às suas atividades, mantendo-se o acompanhamento.

7.Essas informações não foram trazidas a público até o momento, tendo em vista a delicadeza do assunto, o devido trâmite institucional e a necessidade de proteger a privacidade dos envolvidos, como previsto nos direitos e nas garantias individuais inscritos na Constituição Federal. 

 

Quanto ao TJ UFSC, cabe-nos esclarecer:

 

1. O Projeto de Extensão TJ UFSC – telejornal universitário criado há 11 anos –, é um programa deste Departamento, aprovado em reunião colegiada.

2. Em nenhum momento aventou-se a possibilidade de descontinuidade do Projeto. A extinção de qualquer iniciativa dessa natureza deve ser aprovada em reunião colegiada de Departamento, a partir de relatório junto à Coordenação de Extensão de Departamento. Nada nesse sentido foi sequer apresentado.

3. Em função da crescente precariedade da infraestrutura física e redução do número de bolsas de quatro para apenas uma, o projeto de extensão precisa ser redimensionado e, por essa razão, terá as exibições ao vivo temporariamente adiadas. 

3.1.Um equipamento de transmissão ao vivo do Laboratório de Telejornalismo está aguardando manutenção da empresa terceirizada, vencedora de licitação. Todos os pedidos já foram encaminhados;

3.2. Há também a necessidade de reconfiguração da equipe, uma vez que os estudantes são voluntários, havendo apenas um bolsista no momento. Cabe ressaltar a drástica redução de recursos de pessoal no decorrer dos últimos anos, em função do corte de verbas que atingiu todas as instituições federais de ensino. No passado, projetos semelhantes na UFSC contavam com mais de 20 bolsistas e jornalistas contratados para atividades de fechamento de edição e supervisão dos participantes. Apesar da realidade presente ser drasticamente diferente, o TJ UFSC se mantém ativo em função do entusiasmo e dedicação de estudantes e docentes envolvidos em sua realização.

 

No que se refere à degradação da infraestrutura física e de equipamentos das salas de aula e laboratórios do Departamento de Jornalismo, cabe-nos informar: 

 

1. Foram tomadas todas as medidas administrativas que estavam ao alcance para garantir o bom funcionamento das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Foi solicitado às instâncias superiores o atendimento das demandas documentadas. Apesar disso, a informação corrente é que faltam recursos e/ou contratos de licitação para realização de reparos.

2. Um exemplo de ação é a constituição, no início de 2023, da Comissão Interna de Espaço Físico para fazer o levantamento de todos os itens e locais que precisavam de manutenção preventiva e corretiva.

3. Essa Comissão produziu um relatório que foi apresentado à Direção do CCE e, posteriormente, entregue ao Reitor e ao Prefeito do Campus Florianópolis em evento público. O documento foi encaminhado também ao Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc).

4. Para a realização de manutenção, como é prática em instituições federais, há empresas terceirizadas que prestam tais serviços à medida que são demandadas. A licitação e a contratação dessas empresas se dão no âmbito da direção central da UFSC.

 

Quanto aos espaços de representação e diálogo, como está claramente detalhado na legislação da Universidade, ressaltamos que os estudantes têm direito a assentos tanto no Colegiado de Curso quanto no Colegiado de Departamento, com direito a voz e voto nas reuniões e, portanto, ser partícipes das decisões tomadas por meio da representação estudantil devidamente registrada na instituição através do CALJ. Os gestores da Coordenação e do Departamento têm insistido no diálogo com os estudantes e uma das expressões dessa disposição é a criação recente do Café da Gestão, com o intuito de reunir os representantes de cada uma das fases, buscando conhecer as demandas e as necessidades dos estudantes.

 

Reafirmamos que qualquer solução para os graves problemas de infraestrutura física e de pessoal, além daqueles relativos à convivência entre os membros da nossa comunidade, passa pelo diálogo construtivo.

 

Florianópolis, 1⁰ de setembro de 2023.

 

Departamento de Jornalismo

 

Resultado do processo seletivo para Estágio Obrigatório no JOR UFSC

25/08/2023 15:11

Confira o resultado o Edital 002/JOR/2023 do processo seletivo das vagas de Estágio Obrigatório, não remunerado , junto aos Laboratórios e projetos institucionais no Departamento de Jornalismo, no segundo semestre de 2023.

  • Departamento de Jornalismo (Projeto institucional Cotidiano):
    • Marcela Hoffmann Catelan;
    • Ana Júlia Gonçalves Roque de Souza;
    • Marcos Henrique Oliveira de Albuquerque.
  • Laboratório de Fotojornalismo:
    • Anthony Cervinski dos Santos;
    • Ana Carolina Gouveia.
  • Laboratório de Telejornalismo:
    • Bianca Anacleto Francisco;
    • Nathalia Goulart Melo.
  • Laboratório de Radiojornalismo:
    • Sem candidaturas.
  • Jornal-Laboratório Zero:
    • Luana Pillmann;
    • Natália Hauk Poliche.

Jornalista Christa Berger dá Aula Inaugural de 2023-2 na UFSC

24/08/2023 17:38

Professora, pesquisadora e jornalista Christa Berger apresenta na UFSC seu mais recente livro, que trata da vida e do apagamento da memória de uma das mais importantes jornalistas brasileiras do século XX. As possíveis causas do cancelamento histórico de uma mulher presente e atuante na vanguarda do mercado editorial da segunda metade do século XX estão no livro de Christa, que vai compartilhar a experiência de escrita da obra e a importância do resgate da memória de Jurema Finamour no próximo dia 31 de agosto, às 9 horas, no Auditório Henrique Fontes, no Bloco B do CCE. O evento marca a aula inaugural da nova turma de graduação em Jornalismo do semestre 2023-2 e é promovido pelo Departamento, Curso e Programa de Pós-Graduação em Jornalismo em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Literatura da UFSC.

A convidada, Christa Berger, é uma das mais importantes pesquisadoras e autoras do campo da comunicação e do jornalismo no Brasil. Mas não só isso. Nos anos 1970, morou na Cidade do México, onde participou do movimento feminista latino-americano. Jornalista, trabalhou no Diário de Notícias e na Folha da Manhã, em Porto Alegre. Foi professora e pesquisadora nas faculdades de Comunicação da PUCRS, UFRGS e Unisinos. Entre outros, escreveu o livro A terra e o texto: campos em confronto e também organizou a obra O jornalismo no cinema. O livro Jurema Finamour – a jornalista silenciada (Editora Libretos, 2023), consumiu quatro anos de pesquisa e escrita e é sua primeira publicação não acadêmica.

Após conhecer o livro, o jornalista Mário Magalhães escreveu em sua página do Facebook, referindo-se a Jurema: “Como a autora de quase 20 livros, muitos deles marcantes, foi eliminada da história? Como a jornalista que conheceu e contou as aventuras de gente interessante e relevante, no Brasil e mundo afora, é hoje um nome ignorado até por quem supõe saber das coisas? Por que sumiu das lembranças impressas e das reconstituições do passado a mulher que foi à luta por causas generosas, muitas das quais só ecoariam tempos mais tarde?”.

Jurema Finamour é uma mulher brilhante que participou ativamente da vida cultural e política brasileira nas décadas de 1950 e 1960. Foi jornalista, romancista, escritora, viajante, feminista e cozinheira de mão cheia. Viajou pelo mundo e escreveu os primeiros livros-reportagem no Brasil sobre a União Soviética, a China, a Coreia e Cuba. Também editou uma revista voltada para o público feminino, foi retratada por Di Cavalcanti e por Dimitri Ismailovitch, entrevistou o filósofo Jean-Paul Sartre, a escritora Anna Seghers e o cineasta Roberto Rossellini. E foi secretária de Pablo Neruda. “Mas para a memorialística brasileira, ela não existe: seus livros não foram reeditados e não é mencionada nas biografias dos que conviveram intensamente com ela, como Jorge Amado, Graciliano Ramos, Candido Portinari, Carolina Maria de Jesus, Carlos Drummond de Andrade, entre outros”, aponta Christa.

Na interpretação da escritora Lélia Almeida, que fez a apresentação da obra, “coube ao feminismo contemporâneo, através das mais diversificadas metodologias de resgate, escuta e testemunho, a tarefa de trazer a público as vozes esquecidas das mulheres de outros tempos. Christa Berger, jornalista, pesquisadora e biógrafa, (…) traz a público uma história emudecida e silente, como são as histórias das grandes mulheres que constroem os momentos mais desafiadores das histórias de seus países e que sempre são ignoradas pelo cânone intelectual e literário masculino, que lhes destina o lugar de uma ausência contundente ou de mera coadjuvante.”

*Texto editado a partir de informações públicas da Editora Libretos, do site LiteraturaRS e do Facebook de Mário Magalhães.