Dois trabalhos da UFSC ganham etapa nacional da XXII EXPOCOM

15/09/2015 15:47

Entre os cinco trabalhos de alunos de jornalismo da UFSC selecionados para participar da etapa nacional da Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação (EXPOCOM), dois ganharam o prêmio nas categorias produção laboratorial em videojornalismo e jornal laboratório impresso. Quase 300 trabalhos foram avaliados nas mais de 60 categorias das diversas áreas da comunicação.

Com uma linguagem nova e temática voltada para jovens, o Correspondente Universitário se destacou entre quatro outros projetos na categoria de videojornalismo. O canal no youtube conta com 45 vídeos produzidos por cinco alunos que realizaram intercâmbio na América Latina e Europa em 2014, mostrando o choque cultural e outras experiências passadas no exterior. O projeto foi realizado de forma independente pelos alunos, que já haviam passado por diversas disciplinas voltadas para reportagem em vídeo. Todos também participaram do projeto de extensão TJ UFSC, telejornal diário da universidade veiculado na internet. Nas produções – realizadas com equipamentos próprios, que incluíam câmeras digitais e celulares -, tentaram sempre colocar músicas locais relacionadas com o tema, privilegiar a interação com nativos e o uso de uma linguagem que atraísse os jovens.

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Foto Guilherme Longo

Para o XXII EXPOCOM, os alunos selecionaram oito vídeos para a apresentação. Três deles foram produzidos por Renata Bassani e Felipe Figueira, que faziam intercâmbio em Rennes, na França: o castelo de Chamborne, as eleições municipais na França, o guia do intercambistas da cidade e, em colaboração com o núcleo de jornalismo esportivo da UFSC, Renata acompanhou a torcida francesa durante um jogo da copa do mundo. Thales Camargo participou da produção da matéria sobre a cultura das bicicletas em Copenhague e as peculiaridades de Badem Würtemberg, região em cuja capital estudava. Maria Luiza Buriham ainda acompanhou de Barcelona as manifestações para a independência da Catalunha e Mateus Boaventura registrou uma peregrinação de 70 quilômetros na província de Corrientes, na Argentina. Apesar do período de intercâmbio ter chegado ao fim, Boaventura revela que ainda têm vídeos por vir de materiais não editados da viagem.

O outro projeto premiado no evento foi o jornal laboratorial Zero, produzido pelos alunos da 6ª fase do curso de jornalismo. Em cada semestre são feitas quatro edições, podendo ser temáticas ou de assuntos variados. Para apresentação no evento o aluno Guilherme Longo em conjunto com o professor da disciplina, Marcelo Barcelos, e os outros estudantes responsáveis pela produção dos jornais enviados, selecionaram seis edições do ano de 2014. Os jornais do primeiro semestre foram Conflito no Bosque, Na boca do povo e a Cobertura da Copa; e os do segundo semestre foram Panorâma da Saúde em Santa Catarina com a sabatina de todos os candidatos para governador do estado, Cultura em Florianópolis e Obras pendentes.

Jornais das universidades de Ceará, Goias e Rio de Janeiro concorreram na etapa nacional do XXII EXPOCOM, mas foi o Zero que acrescentou mais uma estrela nas suas futuras capas. Guilherme Longo acredita que o diferencial para o resultado foram as pautas. Os jurados e outros alunos se surpreenderam com as temáticas difíceis trabalhadas pelos estudantes da UFSC, em especial sobre a sabatina com todos os candidatos, oferecendo espaço igual sem preferências para os mais conhecidos como é feito na mídia tradicional.

“Fora do ninho”

A turma responsável pela produção do Zero no primeiro semestre de 2014 fez a edição temática sobre a Cobertura da Copa. O foco não eram os jogos, mas as histórias dos personagens que são pouco lembrados e o contexto social de quatro das cidades que foram sedes para os jogos: Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.

Foram nove alunos enviados para essas cidades. Bianca Bertoli foi para o Rio de Janeiro com o colega Rafael Venuto e presenciou uma manifestação, “Faltavam minutos para começar um dos jogos e a polícia resolveu intervir sobre os manifestantes. Teve cavalaria, gás lacrimogênio, e as pessoas gritavam para correr, foi nesse momento que eu senti na pele a profissão. Não tínhamos orientação do professor ou ajuda dos outros colegas, estávamos fora do nosso ninho. Eram somente nossas as decisões”.

Bianca e Rafael também visitaram a favela da Mangueira com a companhia de um dos moradores. Pediram licença para entrar em uma das casas e a vista que tinham do Maracanã é a foto de capa da edição do jornal. “É inacreditável a disparidade social. As pessoas da comunidade assistiam os jogos nas TVs de tubo ao lado do estádio principal e quando questionadas se alguma vez foram assistir os jogos nas arquibancadas, a resposta era: “isso não é para nós””, relata Bianca.

Responsabilidade profissional

O Zero é única publicação produzida por estudantes impressa pela universidade. São cinco mil exemplares distribuídos pelos próprios estudantes por toda a instituição e a cidade. Além das edições impressas, o jornal é disponibilizado pela plataforma Issu na íntegra e as matérias individuais no Medium.

A estudante Ayla Nardelli Passadori destaca que um dos maiores aprendizados da produção do Zero é justamente a responsabilidade que você tem pelo conteúdo que você escreve. “Você sabe que teu nome vai estar na assinatura da matéria que chegará às fontes da reportagem, à outras pessoas envolvidas ou simplesmente a comunidade. Não é o mesmo do que escrever uma matéria para uma das disciplinas de redação do curso, você precisa ter muito mais responsabilidade pelas informações contadas”.